terça-feira, 23 de novembro de 2010

6:30 a.m.

Essa noite eu conheci uma mulher.
Uma mulher que mais parecia uma menina, com seus trejeitos de inocência, pureza e fragilidade.
Aparência que contradizia totalmente com o seu olhar. De onde veio esse olhar desconfiado? E esse jeito de falar...?

- Afinal, que idade você tem menina?

Quando parei para saber da sua essência, da sua vida, me intrigou o tanto que havia pra ouvir, entender.

- Não sei exatamente quando me olhei no espelho e me senti tão velha. Velha? Acho que não seria essa palavra. Mas eu mudei, muito... As coisas tomaram um rumo em que eu tive que tomar as decisões tão rapidamente, que talvez eu tenha esquecido de olhar pra mim.


E de repente estou aqui, olhando essa menina aparentemente tão pequena, doce e nova... Mas como seria descrevê-la por dentro? Teria rugas do amadurecimento, os pés calejados ou talvez um olhar de experiência adquirida por anos? Não sei.
Mas n
ão a julgue pelo que se vê.
A força, não se sabe de onde tira, mas ela existe. Talvez possa chamar até de impulso vital, como Caio a ensinou em um de seus textos tão remoídos.

Assustei-me quando começou a chorar.

- Me leva pra casa? - Foi o que ela disse.

E eu a levei. Troquei sua roupa, a cobri com edredons, e abracei tão forte, que pensei que ia sufocar. Deixei que chorasse até cair no sono.

6:30 a.m.

Acordo com os olhos inchados, e a menina não está mais sob minha cama.

Olho o espelho assustada.
A
menina era eu.